O QUE ACHAMOS DE:: Um Lugar Silencioso

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Atente-se às regras:

#1: Não faça barulho
#2: Nunca saia do caminho
#3: Vermelho significa corra

Baseado nessas leis que “Um Lugar Silencioso” traça a sua tensa trajetória.

Pensar que viver em uma fazenda, plantando e caçando a sua própria comida, fazendo caminhadas pelos campos e brincando com jogos de tabuleiro pode ser uma boa alternativa para ficar longe de qualquer barulho, é melhor reconsiderar essa ideia.

Mas é assim que uma família vive, com a lei suprema de não fazer qualquer som, permanecer em silêncio quase que em tempo integral para evitar ser devorada por entidades alienígenas, das quais não sabemos de onde elas são, o que querem e por que comem seres humanos. A única informação que temos é que elas são cegas, e por isso possuem a audição tão aguçada. Ainda assim, essa única informação não é um ponto negativo, já que instiga e faz crescer cada vez mais o interesse por esses seres.

O filme abre com o Dia 89 de uma misteriosa invasão alienígena. Uma rua deserta com traços de bombardeio, diversos cartazes de pessoas desaparecidas e jornais com a manchete “IT’S THE SOUND” (“É O SOM”, traduzido para o português) espalhados pelo chão constroem o cenário pós-apocalíptico, nos levando a conhecer a família comandada pelos personagens de Emily Blunt e John Krasinski (que são casados na vida real), que está em uma mercearia abandonada localizada nessa mesma rua.

De cara, parece que vemos uma família normal, exceto pelo fato de estarem descalços (sempre descalços), desviando de toda a folhagem que cobre o chão do estabelecimento. Além disso, eles se comunicam apenas pela linguagem de sinais. E não dá para saber se isso é uma prevenção para não chamar a atenção das entidades ou se é somente por causa da deficiência auditiva da filha mais velha, interpretada pela expressiva atriz mirim Millicent Simmonds (que possui a mesma deficiência que sua personagem). Mas esse fato não é tão relevante, porque funciona como alternativa de sobrevivência.

O que parecia ser uma simples ida à mercearia, na verdade, acaba se tornando um dos piores pesadelos da família, pois o membro mais novo (Cade Woodward) se encanta por um aviãozinho de brinquedo que emite sons de sirene. Ao ver que o filho tinha em mãos uma isca para o predador, o pai logo aconselha que o brinquedo seja deixado para trás. Porém, incentivado pela irmã, o menino acaba levando o aviãozinho e, quando a família inicia o seu caminho de volta para a casa, o brinquedo começa a fazer barulho, chamando um dos alienígenas devoradores de gente. O resultado disso é a morte do garoto, em uma belíssima, porém apavorante cena de prender a respiração.

As marcas deixadas depois do incidente só pioram a relação entre o pai e a filha, que se sentem os principais culpados pela morte do caçula. De um lado, temos uma menina que sente a rejeição do pai. Do outro, um pai que só quer ser um bom líder de família, mas que não consegue perceber ou transmitir os seus reais sentimentos, criando um conflito pertinente à história.

Um ano se passa e descobrimos que a mãe está grávida novamente, o que piora a situação de toda a família. E é nessa fase que vemos uma Emily Blunt desempenhando o papel de mãe protetora e amorosa. O nascimento do novo membro serve como único item previsível do filme, entretanto, que acaba surpreendendo com os fatos violentos decorridos nas próximas cenas do longa, que, em momento algum, tem a intenção de assustar quem assiste.

Inicialmente vistos em rápidos relances, os alienígenas, quando finalmente apreciados com maior atenção, se mostram criaturas verdadeiramente assustadoras e bem desenhadas: uma mistura de aranha com camarão e uma cabeça sinistra que abre em várias partes, parecendo com pétalas de alguma flor, compondo também uma bocarra repleta de dentes afiados.

Intitulado por algumas pessoas como o novo “Corra!” (2017), de Jordan Peele, “Um Lugar Silencioso” se consagra como mais um bom filme do chamado terror pós-moderno, com uma promissora direção de Krasinski, que consegue captar os detalhes exatos para criar tensão, angústia e emoção, nos mostrando também o incômodo que o silêncio pode causar.

Nota: 4/5

Título original: A Quiet Silence
Estreia: 5 de abril de 2018
Duração: 1h 35m
Direção: John Krasinski
Roteiro: John Krasinski, Scott Beck, Bryan Woods
Elenco: John Krasinski, Emily Blunt, Millicent Simmonds, Noah Jupe, Cade Woodward

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